O JOGADOR QUE FALTA AO MADRID
O time do Real Madrid começa a reencontrar a consistência que lhe vem faltando desde a saída de Makelele, especialmente após a terrível derrota na Copa do Rei para o Real Zaragoza, que transformou o time dos "galácticos" em um fiasco permanente. Reformulado o plantel, com jogadores jovens e bons defensores, Bernd Schüster parece estar dando consistência ao time, apostando naquilo que sempre foi sua característica [exigida pela "aflición"]: a posse de bola. O Madrid é um time de posse de bola, precisa dela o tempo todo, agredindo o adversário.
O problema do Madrid é que o seu jogador central, nesse caso, tornou-se Guti. Guti, como já disse aqui várias vezes, é um ótimo jogador: tem bom passe, distribui bem o jogo e dá excelentes assistências. Mas está longe de ser um armador de primeira linha. Não está no nível de jogadores como Lampard, Ballack, Gerrard e outros. Sem falar do antigo dono da posição no próprio Madrid, Zizou. Guti não é a "naba" que os brasileiros costumam apostar, mas também não é um jogador que possa ser central na equipe. Marcado, não faz nada. Assim, o meio-campo do Madrid continua confuso. Inicialmente, achei que o Paulo Calçade implica demais com o Sneijder, que tinha surpreendido positivamente no início do ano. Porém o holandês, de fato, vem tendo pífios desempenhos.
O jogador que falta ao Madrid está disponível no mercado internacional, e provavelmente nem custa muito caro: Riquelme. Ele é a engrenagem que falta no meio madrilenho para que a posse de bola conquista se converta em jogada vertical em direção ao gol. É o articulador completo, o típico camisa 10 que falta ao Madrid. Com Diarra na primeira função, Gago na segunda e Riquelme articulando, Robinho, Raúl e Nistelrooy vão crescer muito mais. Riquelme é o Deco que falta ao Madrid. Só não enxergam os espanhóis nacionalistas que querem ver em Guti o craque que ele não é. Como opção de jogo, Guti é ótimo. E só.
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SIGUR RÓS, again
Ok, ainda não é o veridicto final. Mas, aparentemente, o Sigur Rós transformou-se em tudo aquilo que eu mais temia: uma banda chata pra caralho.
Os belíssimos cortes de navalha por guitarras reverberando em intensidade máxima nas ambiências etéreas que eram construídas ao longo das canções parecem ter sido deixados a segundo plano, e uma necessidade de maior concisão parece ter tornado o complexo som da banda meio infame, dando ênfase aquilo que é mais modorrento: o vocal. "Salka", a faixa que abre o álbum, é tudo que eu não gosto em Sigur Rós. Não tem climatização, guitarras, viagens. "Hljomálind", reconheço, dá um salto de qualidade. Mas o álbum não me passa emoção nem empolgação suficiente.
Aparentemente, o objetivo do Sigur Rós foi dar tchau ao pós-rock. Nesse caso, vão ter que comer ainda muito feijão para se transformarem em uma banda "pop". Quando o primeiro disco termina, com as inéditas, dá vontade de voltar a ouvir "All of a sudden I miss everyone", o belo álbum desse ano da banda de Austin Explosions in the sky. Me deixem com meu pós-rock, por favor.
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RAVEONETTES, não definitivo
O The Raveonettes foi um dos meus hypes que não colou. Eu realmente gosto dessa dupla dinamarquesa que faz um mix entre rock dos anos 50/60 e Jesus and Mary Chain. Acho muito bom o álbum "Chain Gang of Love" (2003), cheio daquelas paredes de guitarras que escondem suculentas melodias por baixo, e "Pretty in Black" (2005), essa sim definitivamente escancarado no negócio rock'n'roll, cigarros, velocidade, jeans apertado, Elvis. Algumas canções memoráveis como "Red Tan" e "Love in a trashcan" são boas afú.
O novo álbum, "Lust Lust Lust" não me impressionou na primeira audição. Pareceu um pouco o retorno da influência dos irmãos Reid, com as paredes de Psychocandy, mas um pouco mais do mesmo demais. Vamos aguardar, no entanto. Falta uma audição atenta. O FATO é que "Aly, walk with me" é absolutamente deliciosa, uma das músicas do ano no seu riff tradicional e baixo pegado. Do meio pra frente, é uma parede gigantesca que invade a música.
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Trilha sonora do post: The Raveonettes, "Lust".