Mox in the Sky with Diamonds

sábado, outubro 13, 2007

PRIMEIRAS IMPRESSÕES SOBRE "IN RAINBOWS", FAIXA-A-FAIXA






15 Steps: Um loop ao estilo The Eraser, Thom entra cantando meio zonzo, e finalmente a guitarra se apresenta, e quando entra o baixo aí sim a coisa engrossa. O ritmo é todo quebrado e lembra Kid A (2000) ["Idioteque"] e Amnesiac (2001), só que mais rock.

Bodysnatchers: é ROCK'N'ROLL como 2+2=5, mas o que me chamou atenção nessa música, com um poderoso riff de guitarra que vai, aos poucos, ganhando camadas sobre camadas, num peso que até lembra Queens of the Stone Age, é como lembra The Bends (1995), o longíquo registro que alguns fãs continuam achando o melhor trabalho do Radiohead. O vocal do Thom é meio descontínuo, piradão, e ainda entram barulhinhos iguais àqueles de Kid A (2000), sobrespostos por uma fúria de guitarras. Resultado: um puta rock lo-fi.

Nude: LINDA. Linda mesmo. A música lembra os climas de Ok Computer (1997) e Kid A, Yorke cantando maravilhosamente, corais tristes como aqueles do Hail to the Thief (2003) invadem nossos ouvidos, a música brinca com as caixas de som, sintetizadores se erguem em uma melodia doce e melancólica ao extremo, guiada por um baixo competente.

Weird Fisches/Arpeggi: Guitarras, melodia comportada, a voz de Yorke entra calma, é tudo suave e calmo, até fácil de ouvir de primeira, coisa estranha para o Radiohead. Novamente guitarras se sobrepõem a guitarras, ganhando densidade e mais barulho, num ritmo praticamente compulsivo. Na metade, ela se quebra e vocais sinistros -- bem Kid A -- entram desvairados, em clima de filme de terror, com barulhinhos arranhados e um sintetizador matador por trás, que faz crescer a música um montão.

All I need: Simplesmente TROGLODITA. Bem eletrônica, tem uma batida próxima ao trip hop, Thom canta bem pra caralho [ok, vou parar de escrever isso], sofrido pra caralho [you're all I need, you are ALL I need]. Sininhos, ruídos, tudo vai se acrescentando por baixo. Quando eu ouço isso, fico pensando como o Radiohead pode ser tão bom. A música lembra o trabalho solo do Thom, só que seria a melhor música do álbum. E o Amnesiac. Ah, no final, uma bateria arrasadora invade e enche de pratos e angústia o som, crescendo que é um absurdo. A melhor do álbum, até agora.

Faust arp: olha aí, violões. E violinos. Sussurros comportados. Mais uma para os fãs de The Bends? Pra quem tem saudade do Radiohead de "Fake Plastic" ou "High and dry". Bem comportada.

Reckoner: Guitarra e bateria eletrônica, só uma caixa com a guitarra. O negócio parece compulsivo, no início, quase que uma percussão. Lembra o Hail to the thief e o Com Lag, especialmente os remixes das canções. Só que a parte vocal e mais melódica é mais limpa, perfeita, clara, quase pop. Se quebra ao meio e entram aqueles vocais sinistros, tipo "We suck young blood", os caras estão virando vampiros. Linda, linda. Até agora, nenhuma música ruim, nem perto disso. Que beleza de experimental, que delícia de violino. Thom canta que é uma maravilha [ôpa, foi mal].

House of cards: uma guitarra ligeiramente bluesada abre caminho para uma VOZ DE ALÉM. O vocal de Yorke vem de sei lá onde, em gemidos doentios. Depois, começa a cantar. "I don't wanna be your friend/I just wanna be your lover". Não consigo lembrar de nada específico que me remeta, talvez um pouco de Kid A/Amnesiac, mas é bem mais melódico e quase POP. Um pop de um mundo de pessoas legais. Brinca com o experimentalismo o tempo todo. Mais um acerto no alvo. Uma guitarra estrindente no fundo, cheia de efeitos, chega quase a ser shoegaze. Nossa, quase lembra o Slowdive.

Jigsaw falling into place: Vocais sinistros, estilo Hail to the thief. Batidas constantes, rodeadas desses vocais, negócio quase de bater o pé, como o Radiohead fazer algo tão esquisito soar tão acessível? Batera manda bem novamente, numa virada empolgante. Mais uma super rock'n'roll, embora do jeito esquisitão que eles são agora. Quase The Bends de novo, quase "Electioneering", mas depois de um banho de Hail to the thief.

Videotape: um piano quer fechar. Andaram comparando com "Motion Picture (soundtrack)", até agora nada a ver. O vocal é quase lo-fi, o piano é angustiante, o clima é SICK. O ritmo parece o de uma respiração ofegante. No finalzinho, um laptop fica fazendo loop pra enlouquecer mais o ouvinte. Parece até aquela de interlúdio do "Deserter's songs", do Mercury Rev.


Resultado? DISCO DO ANO, folgado. Talvez um dos melhores da década. Melhor que "Hail to the thief" e "Amnesiac", no mesmo nível de "The Bends", até agora.