Interpol, "Our love to admire"
"Pionner to the falls" é a abertura que todos os admiradores do Interpol pediriam no seu novo álbum. Densa, soturna, obscura e deliciosamente guiada por um riff atmosférico de guitarra, é o espírito "Turn on" trazido de volta, bem tocado e vivo como nunca. "No in threesome" segue na mesma linha, atmosférica e inquietante, obscura e viajante. Um refrão suave, baseado em linhas melódicas calmas, vai conduzindo com segurança um belo tema, cantado com segurança por Paul Banks. O final é de um crescente empolgante. Já "Scale" traz uma bela combinação entre todos os elementos da banda, tocados num tom desestruturado e harmônico, simultaneamente, como se a melodia, com seu seguimento natural, quisesse se desfazer a todo instante.
Após um belo trabalho de guitarras embaladas e dançantes de "Henrich Manouver", somos jogados no riff cru e pesado de "Mammoth", inspirada batida repetitiva e crescente, guiada por um compasso de baixo pesado e imponente. É como uma "Evil" ainda mais culhuda, sem medo de soar pesada mesmo.
E então temos "Pace is the trick". Mais um tema ao estilo "Turn on the bright lights", belamente construído sobre camadas de riffs que vão se sobrepondo em uma viagem obscura, lenta e gradualmente, num crescente de vai te abocanhando aos poucos, quase como se fosse uma combinação das guitarras oitentistas [Echo, Smiths, Joy Division, U2], em relação às quais sequer nutro muita simpatia, mas levadas ao extremo de um quase pós-rock, mais harmonia que melodia, loops sonoros, ondas que vão trafegando na tua mente. Que vão e vêm.
Após, um breve e único tropeço. "All fired up" é irritante como as músicas ruins são. Não passa, se repete medonhamente, sem jamais encontrar o ponto ideal que leva o ouvinte a um momento de contágio. Chata como são as chatas do U2.
Não tem problema. Logo em seguida, entra um riff magnífico numa batida cadenciada, e entra "Rest my chemistry", uma das melhores do disco. Acerta no alvo, numa batida mais bluesada, parecendo, como ouvi por aí, uma porta nova aberta na sonoridade do Interpol.
Uma bela dupla fazem "Who do you think?" e "Wrecking ball", para quase fechar o álbum, combinadas nas suas melodias competentes, que não deixam cair a peteca, embaladas e bem tocadas. A primeira é bastante empolgante, dá vontade de bater o pé ao chão e Paul Banks traz um belo trabalho nos vocais.
Mas dizia: quase fechando. O último tema é chave-de-ouro: "Lighthouse", uma bela e como nunca obscura faixa que parece explosiva, vocais com efeitos, teclados discretos. Quase como entrar em um túnel escuro e encontrar, depois de um desespero infinito, a luz.
Um disco absolutamente elegante do Interpol: construído aos poucos, ao longo de algumas ouvidas, mas cuidadoso e detalhista na estrutura das músicas, todas conduzidas com belos riffs e suculentas melodias, sem sair um centímetro da identidade (?) e o respeito que o Interpol ganhou esses anos. Belo disco.
Nota: 9.