Mox in the Sky with Diamonds

segunda-feira, maio 21, 2007

A MÁSCARA


Por alguma razão desconhecida, estavámos eu e meu amigo F quando, diante de nós, surge uma espécie de máscara terrível, uma cara vermelha que, indubitavelmente, só podia ser de Satã. Havia chamas ao redor dela e palavras terríveis -- de como o nosso destino mortal seria o de sucumbir ao Inferno -- ecoavam daquela boca.
Meu amigo me olhou e disse que, há vários dias, aquilo vinha acontecendo. Satã o estava perseguindo. Estávamos jogados em uma espécie de perseguição implacável -- na verdade ELE estava sendo perseguido -- de um Satã que aparecia várias vezes e jogava maldições.
Sabe-se lá como, meu amigo descobriu algumas palavras totalmente nonsense [tipo "Vaca/Ovos/Arroz/Verme"] e, com essa fórmula mágica, fizemos o demônio desaparecer.
Passamos alguns minutos, depois do susto inicial, conversando sobre o que poderíamos fazer para escapar do diabo. Nesse ínterim, milhares de coisas aconteceram e, provavelmente, vi a máscara muito mais vezes. Estávamos em um hotel onde ela, seguidamente, vinha e voltava. Ela aparecia e nos ameçava, e parecia que tudo iria se despedaçar. Cara-a-cara com o demo.
Então, as palavras mágicas surgiam e nós, suspirando, conseguíamos escapar.
Curioso que, enquanto conversávamos mais uma vez sobre o que fazer, eu parei e disse:
- Pera aí, mas satã não existe.
- É, é claro - respondeu ele.
Foi quando, depois de ver mais de uma vez aquela imagem maldita que tinha fogo ao seu redor, nos ameaçava e jogava pragas, perdemos TOTALMENTE o medo. Me sentia com vontade de rir, do tipo de chegar para O PRÓPRIO DIABO: 'escuta, tchê, tu não existe; não PODE existir'.
Tudo ficou tranqüilo; e não sei por que raios aquela imagem cruel e sangrenta, aquela máscara do inferno, coberta de fogo e cheia de poder, virou uma mascarizinha de alguém que estava pregando uma peça no meu amigo F, uma máscara como outra qualquer, apesar de ter sido bem real antes de nos darmos conta.
Coisa de sonho.