Mox in the Sky with Diamonds

domingo, abril 01, 2007

Sobre os milicos no Brasil

O artigo de Kennedy Alencar é preciso sobre o canetaço dado por Lula na crise dos controladores aéreos. Olhem o que diz o artigo:

Existe até um lado positivo na desautorização do comandante da Aeronáutica. Ainda que não tenha tido esse objetivo, a decisão de Lula quebrou de vez o tabu do fantasma militar numa hora simbólica: véspera do aniversário de 43 anos do golpe que instaurou a ditadura de 1964.Obviamente, não há o menor clima para golpe militar ou crise que leve à contestação da autoridade civil. No entanto, o Brasil gosta de alimentar esse fantasma. Freqüentemente, cientistas políticos, parlamentares e jornalistas dizem que é preciso muito cuidado para não melindrar as Forças Armadas. Registram que o país teve poucos períodos de normalidade democrática etc. O recado é sempre o mesmo: não vamos bulir com quem está quieto.
Muito lúcido. É incrível que, ao contrário da Argentina ou do Chile, no Brasil os políticos continuam cagados de medo dos militares, que não têm mais respaldo social algum. É hora de finalmente o Brasil se emancipar dessa tutela maldita e se colocar os militares no seu devido lugar: o de submissão ao poder civil, democrático e constitucional. Os fantasmas da Ditadura continuam assustando alguns; é preciso enterrar, de vez, qualquer dúvida sobre essa possibilidade e mostrar que entremos para valer no circuito democrático.
Um pouco de história nos mostra que, desde a República Velha, o Exército exerce o papel de "Poder Moderador", aquele que atuava em matérias cirúrgicas e que o Imperador exercia. É preciso enterrar definitivamente essa influência. Os militares, com suas paranóias e baixo Q.I., são perigosos para a democracia.
Arcade Fire, "Neon Bible" (2007)
Poucas são as bandas que justificam um esforço do ouvinte em imergir, verdadeiramente, no seu álbum, vez que coberto por uma crosta inóspita e nada hospitaleira de ruídos e dissonâncias anti-comerciais. Tão certo quanto a verdade dessa afirmativa é que o Arcade Fire é dessas exceções.
"Neon Bible", como seu antecessor "Funeral" (2004), é de difícil "entrada" e requer um certo apuro do ouvinte. Mas, também como o debut, recebeu clamorosa recepção pela crítica mundial [a Q deu cinco estrelas ao álbum, status de clássico]. Facilitado, assim, o trabalho desses excêntricos canadenses.
Não tão coeso quanto o álbum anterior, encontra grandes momentos em "Keep the car running", "Intervention" e "No cars go". Temas fortes e embalados ao estilo neopostpunk, em estilo grandiloqüente e na constante presença de instrumental atípico, como órgãos de Igreja e daí por diante. Um certo toque barroco perpassa o álbum, tornando-o ainda menos comercial. "(Antichrist television blues)", no entanto, traz levada springsteeniana bem tocada.
Com poucas derrapadas ["Neon Bible", "My body is a cage", "Windowsill"], o álbum se mantém em grande nível, embora perca para seu antecessor -- que não tinha falhas -- e esteja despido do excelente vocal de Réginne [salvo em "Black waves/Bad Vibrations", equivocado e posteriormente salvo pela "virada" conduzida por Win Butler].
Black Rebel Motorcycle Club, "Baby 81" (2007)
Uma das minhas bandas favoritas e que ainda tive o prazer de conferi-los ao vivo, na abertura do show dos Killers, este ano.
É por isso com algum desânimo que digo que esse novo álbum não me provocou nenhuma sensação, a não ser certo cansaço, meio repetitivo... Que triste. Depois do excelente "Howl" (2005), o BRMC volta a se plugar e despejar seu som eletrificado e sombrio. Contudo, tudo agora parece sem inspiração, sem um bom gancho que conduza o ouvinte conjuntamente com a música.
Fica a nota, contudo, de que "Cold wind" e "Killing the light" estão entre as melhores músicas de toda história da banda, absolutamente irretocáveis. Há alguns outros bons temas [o single "Weapon of choice", p. ex.], mas que não chegam ao nível de pancadas inesquecíveis protagonizadas por essa banda yankee, como as clássicas "Love Burns" ou "Awake".
Equívoco
Equívoco lamentável desse blog foi ter feito a referência à banda que pretende encarar o rock como se os Beatles não tivessem existido -- The Pippetes --, segundo a referência da coluna do Álvaro Pereira Jr., com o The Fratellis, conjunto que se inspira nessa gente toda do Reino Unido -- Libertines, etc... -- e tem o delicioso single "Chelsea Dagger", cujo vídeo consta nesse blog. Sorry.
Grêmio
Como torcedor fanático, torço até a morte para o tricolor dos pampas. Contudo, estou um pouco cético com essa Libertadores. Com um grupo consistente, o Grêmio conquistou a terceira posição do Campeonato Brasileiro passado, esmagando diversos adversários e não conseguindo o título apenas por causa de um primeiro turno apenas mais ou menos. Tinhamos bons titulares para todas as posições do meio para frente, com um meio campo de luxo, e precisávamos de apenas duas contratações: dois laterais. Não apenas a Direção não foi buscar os laterais, trouxe apenas um mediano Lúcio, como perdeu importantes reservas [Herrera, Rafinha, Maidana, Alessandro], que foram fundamentais em diversos jogos, como também deixou ir embora titulares fundamentais [Jeovânio, Hugo e Léo Lima], sem reposição à altura. Apenas Rômulo e Evaldo foram bem substituídos.
Temos, então, que apostar em jogadores saídos das categorias de base que, conquanto possam ter boas apresentações, podem encolher nas decisões [Carlos Eduardo é exemplo mor], sem falar de alguns que visivelmente não têm mínimas condições de integrar o banco [Aloísio!].
Por mais que Mano Menezes seja um excelente técnico, há limites e, ao que parece, nos deparando com um Riquelme ou Zé Roberto, dificilmente iremos adiante.
Real Madrid
O que se passa no Madrid que nunca mais se endireita?
Provavelmente, a transição para renovação deve ser longa. Aconteceu o mesmo com o Barcelona, poucos anos atrás. Uma sucessão de erros de Florentino Perez, detalhada exaustivamente por aqui, levou à situação caótica atual, de um grupo despedaçado e um punhado de boêmios.
Somado isso à decadência técnica de jogadores como Helguera, Raúl e Roberto Carlos, nem mesmo constantes contratações têm aliviado a situação.
A aposta em Capello não foi de todo equivocada: a equipe realmente precisava de um disciplinador, alguém que pusesse ordem no quintal. O problema é que Capello gosta de um futebol totalmente incompatível com o estilo madrilenho, o que certamente iria gerar tensão e crítica. A sua "vitoriosa" campanha com a Juventus, baseada em scores de 1 a 0, nos últimos anos, devia ter servido de alerta.
Nova bobeada. O Madrid deveria ter apostado em alguém como Rafa Benitez, que é espanhol e sabe montar bem defesas. Robinho, que é um craque em gestação, foi sub-aproveitado, mas também precisa ser mais humilde, pois ainda não teve seqüência de boas atuações na Europa e fala em ser o melhor do mundo. Vamos com calma.
O time nessa temporada deveria ter sido: Casillas; Cicinho, Cannavaro, Ramos e Roberto Carlos; Emerson, Diarra [depois Gago], Guti, Beckham e Robinho; Van Nistelrooy. Um 4-5-1 equilibrado poderia ter resolvido os problemas da equipe, mas sucessivos desastres de Capello prejudicaram o rendimento.
Trilha sonora do post: LCD Soundsystem, "Sound of Silver" [bem melhor que os ultra-hypados Klaxons].