Enio Bacchi caiu? Ui, que pena...
É claro que a demissão de Enio Bacchi deve mudar pouco na política de segurança atual, pois ela tem tudo a ver com o "jeito de governar" da nossa querida -- e eleita por vocês -- Dama de Ferro. Por que, então, falar disso?
Na verdade, Bacchi não entendia porcaria nenhuma de segurança pública. Quando ele disse que iria "colocar policiamento ostensivo contra o crime organizado" ficou bem claro que seu conhecimento não estava além do jargão jornalístico batido, cheio de máximas do "cidadão de bem" e da "bandidagem", bem ao gosto de grande parcela burra da sociedade que adora opinar sobre o que não faz a mínima idéia [alguém já viu esse blogueiro dissertando sobre economia ou física quântica?], além de ter a desfaçatez de se autointular "A Sociedade". É curioso que essa parcela de "cidadãos de bem" seja tão presunçosa, a ponto de excluir todo restante que não concorda com suas pregações de violência e barbárie institucional. Esses, que não concordam, ganham a insígnia de "pessoal dos direitos humanos".
Mas, se Bacchi não entendia de segurança, o que se passava? Na realidade, como já havia escrito por aqui, o que ocorreu foi um alvará para que as polícias fizessem o que quisessem, inclusive torturar. Digo isso com base em fatos. Ao lado disso, o Secretário ficava reiterando seu discurso vazio, que agradava essa parcela fascistóide com seu palavreado patético e clichesco.
Então, o que comemorar? Ora, ao menos existe a mínima chance de que, com a queda do Secretário, esse discurso lamentável deixe de ser ressoado no âmbito do Poder Público, que deveria ser constitucional. Vai tarde.
LCD Soundsystem -- mais uma menção
O novo disco de James Murphy, com seu LCD Soundsystem, foi aclamado pela crítica mundial. E com razão. Há algum tempo não ouvia tão boa música para dançar, mix de eletrônica e rock. "Sound of Silver" traz minimal techno, um pouco de electro e alguma coisa de rock, diríamos dance punk.
O álbum que, talvez, o The Rapture tenha sonhado, embora "Pieces of the People we love" (2006) não seja exatamente um disco fraco, mas, para seguir o fenomenal "Echoes" (2003), essa seria boa continuação.
Outra dica: nas minhas corridas diárias [yeah, mr. sedentário anda praticando esportes], tenho ouvido 45:33, faixa que ele gravou para a Nike exatamente para o jogging, com ótimos momentos de minimal, electro e até trance. Bacana demais.
The Knife
Pode-se dizer que, se "Ok Computer" representa uma nostalgia anti-tecnológica, bebendo nas críticas heideggeriana e de tantos outros ao domínio da tecnologia sobre o ser humano, "Kid A" representa a abertura de um novo ciclo, onde o Radiohead pontua uma definitiva comunicação com as máquinas.
É como se no mundo negro, frio e gélido de "Kid A" estivessemos diante de uma nova era, onde, sugados pela tecnologia, já pensaríamos a partir dela.
É nesse mundo que habita a dupla sueca The Knife, que lançou ano passado o belíssimo e quase impenetrável "Silent Shout", seu segundo álbum, um ambiente frio e inumano, onde as máquinas parecem ressoar na sua própria linguagem.
"Silent Shout" é um convite a esse difícil caminho, em que os vocais são distorcidos em efeitos que quase esmagam a voz original, os sintetizadores minimalistas ganham eco e pequenos movimentos são traçados ao longo de extensa psicodelia. Um convite ao novo mundo da música eletrônica, desumanizado e gélido, mas belo na sua própria estirpe de diferença.
"Silent Shout" [a música] e "Neverland" são perfeitos synth pops recalchutados, como que banhados por 20 anos de história da música eletrônica, especialmente a IDM. Perfeitos para pistas de dança de ouvidos mais abertos.
Por outro lado, "The Capitan" ou "Na Na Na" são a própria escuridão da psicodelia extrema, desafiadora, atordoante, quase impenetrável. Experimentalismo extremo.
Um belo e desafiador álbum, desses só para os ouvidos mais treinados; mas que, uma vez explorado, mostra uma viagem sem volta.
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Championsleague
Belas partidas da Championsleague mostraram a hegemonia do futebol mais rico do mundo, com três dos quatro classificados. Nada, também, de tão definitivo, visto que a Itália, há poucos anos, colocou também 3 dos 4. Um sinal, no entanto, de mau ciclo dos times espanhóis, especialmente de um Madrid sem rosto e de um Barcelona sem convicção nas suas estrelas, que, à exceção de Messi, não estão em boa fase e, com isso, deixam exposto o esquema quase-suicida da equipe catalã. A participação do Valência esteve de acordo com o seu retrospecto na competição.
Liverpool conta com a tradição e camisa, que pesam muito nessa hora. Tecnicamente, é o mais fraco dos quatro, por contar com apenas um jogador realmente craque -- Gerrard. Entretanto, tem um ótimo técnico e conta com torcida fanática. Do outro lado, o Chelsea conta com o genial Mourinho e, apesar de ter o plantel bastante desfalcado, conta com boas peças de reposição e ótima fase de Drogba, Essien e Ricardo Carvalho. Junto com nomes que podem brilhar em qualquer partida, como Ballack, Lampard, Terry e Shevchenko [cujo desempenho vem crescendo ao longo da temporada], é forte candidato. Fica apenas registrado que é preciso encontrar um lugar para Joe Cole, do contrário o meio campo fica um pouco lento demais.
Na outra chave, enfrentam-se um virtuoso Manchester United, com o melhor jogador da atualidade, o veloz e habilidoso Cristiano Ronaldo. Com Rooney na dianteira e o bom volante Carrick, parece que Sr. Alex Ferguson finalmente conseguiu a desejada renovação da equipe, brilhando novamente nos reluzentes 7 a 1, que dispensam comentários. No seu caminho, contudo, está o bravo Milan -- único palpite que me equivoquei -- que conta com uma camiseta mais pesada e com o jogador mais próximo de C. Ronaldo em forma técnica -- Kaká. Além dele, conta com o excelente distribuidor Andrea Pirlo, mas acredito que Seedorf não tem gás para brilhar novamente, assim como Inzaghi.
Em suma, vou de Chelsea e Manchester.
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Libertadores
Nenhuma palavra.
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Trilha sonora do post: The Knife, "Still life".