OS MELHORES DISCOS DO ANO
Tremei, mortais....
Tremei, mortais....
Uma lista de melhores do ano, como disse em 2005, é sempre um tanto quanto arbitrária, sobretudo idiossincrática. Mas 2006 manteve um nível bastante bom musical, com bons e ótimos álbuns, além de duas ou três surpresas.
Disponibilizei quase todos os discos -- a maioria é importado -- em mp3. Basta clicar no título e baixar. Os créditos vão para a Rock Downloads Community. Faltou apenas o Grizzy Bear [que foi foda de achar, mesmo...], que prometo disponibilizar no próximo post.
10º
Camera Obscura, "Let's get out of this country"*. A banda mais pop desse topten, ainda que seja de um twee pop, agridoce combinação do pop dos anos 50/60 com The Smiths e, claro, uma pitada de Belle and Sebastian. Confiram as ótimas "Lloyd I'm ready to be heartbroken" e "Dory previn", que cheiram a mofo, mas com aquele toque de antigüidade preciosa.
9º
Grizzly Bear, "Yellow house". Uma beleza de combinação entre bucólico e psicodélico, na linha do folk que vem consagrando o geniozinho Sufjan Stevens, porém com pitadas ainda mais experimentais, variações climáticas espetaculares, arranjos múltiplos e não-sincrônicos, tudo recheado por melodias que, de tão doces, parecem não se contagiar pelas harmonias malucas.
8º
The Strokes, "First Impressions of the Earth". Para alguns, essa pode ser a maior surpresa. O disco do Strokes, de modo geral, apanhou da crítica, em parte com razão. Se "Is this it" e "Room on fire" haviam fixado um padrão absurdo para a banda, especialista em rocks precisos e certeiros, o terceiro álbum traz temas mais longos, dando, ao final, um certo ar de redundância, desnecessidade para algumas músicas. Mas o FATO é que "You only live once", "Heart in a cage", "Juicebox", "Razorblade" e "On the other side" são provavelmente alguns dos melhores [possíveis] singles do ano, cada uma sozinha colocando NO BOLSO todo o disco dos queridinhos Arctic Monkeys.
7º
Snow Patrol, "Eyes Open". Colocar um disco bom como esse na 7ª posição mostra que foi mesmo um bom ano. O Snow Patrol jogou como time que está vencendo: manteve a formação e confirmou bom resultado. Seguindo a mesma receita de "Final Straw", reeditou seus rocks com incrível potencial pop e, ao mesmo tempo, imersos em guitarras de respeito. A trinca "You're all I have", "Hands Open" e "Chasing cars", abrindo o disco, já dá, sozinha, conta do recado.
6º
Sonic Youth, "Ratter Ripped". Uma banda com história lança novamente um disco relevante -- depois dos mais experimentais "Murray Street" e "Sonic Nurse" -- e novamente alcança o poderio dos clássicos "Goo" e "Dirty". Com uma sonoridade mais limpa e seus vocalistas cantando mais sutilmente, trazem a perfeição em músicas como "Reena", "Do you believe in rapture?" e "Turquoise Boy".
5º
The Killers, "Sam's town". Outro disco polêmico, que oscilou do 0 ao 10 na crítica mundial. Sou insuspeito para falar do Killers. Insuspeito porque NÃO GOSTO [e até ODEIO algumas] as influências da banda -- aqui, principalmente, Bruce Stringsteen, Queen, hard rock farofa e o synth-pop em geral. No entanto, tenho que admitir que o som dos caras é um power pop de imensa qualidade, com uma força incrível, que realmente pega de jeito o ouvinte. Eles realmente fazem jus ao "power" do estilo. Ouçam a trinca "For reasons unknown"-"When you were young"-"Read my mind" e sintam a verve. O disco ainda traz as ótimas [e às vezes canastras] "Bones", "This River is wild" e "Sam's town", todas de inevitável energia.
4º
Thom Yorke, "The Eraser". Quem me conhece pode imaginar o pesar desse disco constar nessa posição. Porque, além de um fã fundamentalista do Radiohead, achei o trabalho simplesmente ESPETACULAR. Thom Yorke desenvolve, à exaustão, as tendências atuais de temas confusos e abertos, permeados pela música eletrônica, dos últimos trabalhos do Radiohead [Hail to the thief/Com Lag], e os aprofunda, com sua voz magnifíca que coloca carne e sangue em meio à maquinaria que reflete o disco. A fantástica "The Clock", com seu giro melódico cheio de sentido, fica como exemplo.
3º
Silversun Pickups, "Carnavas". Seria possível cruzar as paredes de guitarras shoegazers [My Bloody Valentine, Slowdive] com a barulheira do rock alternativo americano [Smashing Pumpkins, Sonic Youth]? O Silversun coloca isso em prática e faz um som simplesmente DIVINO, com paredes de guitarra etéreas cobrindo verdadeiros riffs matadores, numa combinação de tirar o fôlego de qualquer apaixonado por guitarras. Ouçam "Lazy Eye", que é simplesmente a arquitetura do céu.
2º
Secret Machines, "Ten Silver Drops". A banda que eu mais ouvi esse ano, simplesmente. Esse disco me pegou de jeito, me fez vergar a coluna. Assumi o Secret Machines como aquelas bandas que o cara coloca, sempre, entre as suas preferidas, não apenas como um disco bom qualquer. Já começa certeiro com a música do ano: "Alone, Jealous and Stoned". Segue com uma dobradinha de rock de arena combinado com post-punk, "All at once (it's not important)" e "Lightning blue eyes". Emenda duas psicodelias vervianas, "Daddy is in the doldrums" e "I hate pretendind". Tem uma leve caída em "Faded lines" que apenas realça o brilhantismo dos dois últimos temas, "1000 seconds" e "I want to know", espécie de baladas que irrigam de sangue as melodias primorosas de Grandaddy e Radiohead. Um som bastante próximo à perfeição.
1º
Guillemots, "Through the windowpane"**. Uma estréia em primeiro lugar! Esse disco é tão bom que me fez vencer uma resistência terrível na ultrapassagem dos Secret Machines. Não queria que ninguém os ultrapassasse. Mas o fato é que os Guillemots são tão bons que não tive como evitar isso. Uma banda que reinventa o new acoustic, depois de o Coldplay estar na iminência de se perder, combinando melodias com absoluta capacidade pop ao lado de arranjos experimentais, a servir de pano de fundo para a construção de uma sonoridade bastante nova, inaugural, distante de qualquer coisa parecida. Uma espécie de Jeff Buckley [que talvez tenha sido causa de uma homenagem que é o único equívoco do álbum -- "Blue will still be blue"], com Radiohead/Kid A. Músicas simplesmente perfeitas como "We're here", "Trains to Brazil", "If the world ends". A experimental "Come away with me" ou a belíssima "Little Bear", abertura do álbum. Sem falar da magnífica sinfonia que fecha o álbum, a "Paranoid Android" dos anos 2000 [pronto! eis o meu momento NME] "Sao Paulo", de distintos movimentos e melancolia arrebatadora. Simplesmente, sem palavras.
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** senha: rcd