Mox in the Sky with Diamonds

segunda-feira, dezembro 11, 2006

2006: nenhum filme me convenceu

2006 definitivamente não foi um ano de cinema para este blogueiro. Acostumado a acompanhar a maior parte dos lançamentos -- americanos ou não --, este ano acabei deixando de ir por, basicamente, duas razões: 1) não ter mais namorada; e 2) ter 1.000.000.000.000 de livros para ler.
No entanto, o que vi não me convenceu. Nem os filmes do início do ano, aqueles da safra do Oscar [O Segredo de Brockeback Montain, Capote, Boa Noite Boa Sorte], nem os que passaram ao longo do ano [O Corte, O Libertino, X-Men 03], tampouco os atuais [Os Infiltrados, O Grande Truque] me convenceram. Match Point, Volver, V de Vingança, Bonecas Russas e o longa argentino O que você faria? foram os que mais gostei, mas nenhum deles tem a estatura de um Crash, Dogville ou 21 Gramas. Minha esperança do ano é justamente a película Babel, do mesmo diretor desse último cascorado filme.
A conferir.
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Tudo é possível
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Poderia uma banda shoegaze, com aquelas conhecidas e monumentais paredes de guitarras, tornar-se, após se desmembrar, um conjunto que mestra influências de alt-country e folk? Pois do maravilhoso Slowdive, que nos presenciou o seminal Souvlaki, surgiu o Mojave3. A banda já lançou alguns discos, inclusive esse ano ["Puzzles like you"], e "Breaking the ice" é uma das músicas de 2006.
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E não é que, mesmo depois de assumir não ter gostado mesmo do TV on the Radio, o tal do Gnarls Barkley é bem bom? Alguma coisa com toque soul me pegou esse ano.
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Desenvolvimento sim, mas sustentável
Infelizmente, na nossa imprensa predominam jornalistas com formação sabe-se-lá-de-quê, porque não possuem a mínima aptidão teórica para discutir certos assuntos.
Não, nem sequer estou falando dos temas criminais.
Estou falando, isso sim, da pauta imposta aos Governos [desde FHC] com vistas a um crescimento acelerado. Virou dogma. É claro que o Brasil precisa de crescimento, mas não qualquer crescimento. Nossa riqueza ambiental já deveria ter feito a Imprensa se atentar para o conceito de desenvolvimento sustentável, há muito defendido nas conferências internacionais. O discurso da Imprensa a coloca lado-a-lado com grandes ruralistas, muitas vezes devastadores do meio ambiente, e acabam influenciando o poder político, cujo único objetivo, por definição, é poder.
Os constantes ataques transversos à Ministra Marina Silva são prova desse tipo de política equivocada. Pressionando o meio político por um crescimento acelerado, a Imprensa deixa de exercer o papel crítico que vem desempenhando, por exemplo, na Europa, onde a população começa a se dar conta do impacto ambiental das políticas públicas.
Por aqui, produtor de soja "acelera o crescimento" e "dá empregos".
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Quem somos nós?
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São inegáveis as virtudes do filme Quem Somos Nós?. Contudo, bem menores do que parecem. O filme é, na realidade, um espelho das teorias de autores como Fritjof Kapra e Edgar Morin. Tem os méritos de retirar uma certa aura de sacralidade da ciência e trazer a discussão.
No entanto, nem tudo pode ser dito de uma forma tão veemente. Hoje, revendo minhas posições, especialmente por autores como Heidegger, Derrida, Lévinas e Rorty, a questão do conhecimento científico é menos de "relativizá-lo" e tratar de demonstrar "não existir a verdade", do que ressaltar a existência de uma pluralidade de verdades, na medida em que a descrição objetiva não esgota o objeto. Assim, a ciência até pode ser verdadeira para seus fins, mas está longe de esgotar a totalidade do mundo. Existe uma ética subjacente a todo ato científico, especialmente em se tratando de aplicação, e essa ética não apenas é discutível, como costuma ser extremamente pobre e carente de fundamentos.
Ou será que fabricar clones é algo neutro?
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Sobre a morte de Pinochet
A morte de Pinochet não mereceria uma vírgula nesse blog, não fosse para eu revelar que finalmente encontrei a verdadeira divisão política que orienta minha visão. Não é mais tanto entre "direita" e "esquerda", mas entre pacifistas [portanto, geralmente democratas] e militaristas. É com essa divisão que posso colocar no mesmo saco Fidel, Mao, Stalin, Pinochet, Médice, Hitler e Mussolini. Estou radicalmente ao lado da paz.
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Simian Mobile Disco
Andam espalhando por aí que esse é o melhor clipe de todos os tempos. Somepills recomenda.
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Trilha sonora do post: The Raconteurs, "Intimate Secretary".