O sempre irônico e sagaz Tutty Vasques, do NoMínimo, larga essa: "A vida como ela é Felizes aqueles que planejaram passar o feriadão em congestionamentos nas estradas. A situação nos aeroportos é muito pior." O que se passa com essa sociedade (pós-)moderna que tem esse desespero pelo desligamento, pela migração, o fluxo incessante do turista e do marginal, dos africanos para a Europa, dos Nordestinos para São Paulo, e o refluxo inverso: o paulista que visita a Bahia, o alemão que visita o Brasil? A subjetividade que estamos construindo para nós mesmos é um eterno deslocar, uma migração contínua, um constante estrangeirismo, até mesmo para os que têm poder. Mas por que tanto desespero? E, se de repente, simplesmente parássemos com essa velocidade frenética, esse tempo acelerado, esse fundamentalismo produtivista? O deslocar migratório ? na forma do turista ou do marginal ? é um constante desespero do tempo, do tempo perdido que quer, no outro lugar, se encontrar. Absorvido na produção, o turista quer desacelerar. Absorvido na própria miséria, o marginal quer entrar no tempo do poder. Nesse entre-tempo construímos o resíduo de uma comunidade (mundial) esfacelada no desespero, no medo, no terror e na corrupção. Nossos aeroportos cheios, as estradas cheias, os acidentes no deslocamento, produtos de um fluxo demasiado acelerado, mas sobretudo do desespero para sair do próprio tempo. E se, simplesmente, deixássemos de lado tanta velocidade? Trilha sonora do post: Explosions in the sky, "The only moment we were alone". |
quinta-feira, novembro 02, 2006
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