Mox in the Sky with Diamonds

terça-feira, agosto 29, 2006

As Revoluções Táticas de Mano Menezes

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Está sendo um prazer ver o Grêmio.

O Grêmio atual é mais parecido com o Grêmio de 2001, da era Tite, que com o aguerrido Grêmio era Felipão.

Explico as semelhanças: esquema inovador, compactação do meio campo e polivalência de funções. Mano Menezes está se revelando um senhor treinador.

É impressionante a desinformação da imprensa nacional, sua resistência em incorporar novos conceitos táticos e técnicos. Quando Felipão anunciou o 3-5-2 na Seleção, a reclamação foi geral. Não viam que o Grêmio, com Tite, havia ressuscitado o esquema, prematuramente enterrado com o horror de Lazaroni, e feito dele o que tem de qualidade: avanço-surpresa de stoppers, alas compondo a mesma linha dos volantes, líbero seguro na sobra, movimentação intensa no meio campo e marcação-pressão. A qualidade do 3-5-2 era ser ofensivo, e não defensivo. O Grêmio, já naquela oportunidade, inovava no esquema tático, com compactação invejável, e vencia a Copa do Brasil.

Hoje, o 3-5-2 é banal.

Mano Menezes incorporou ao Grêmio três variações táticas que se fizeram presentes na Europa nos últimos 3 anos.

Na Segunda Divisão, chegou a usar o esquema mais bajulado da Europa na atualidade: o "novo" 4-3-3, um esquema que se transforma em 4-5-1 na defesa e 4-3-3 no ataque. Assim jogavam, à época, o Chelsea e o Barcelona. O Chelsea jogava com Makelele de volante, Lampard na segunda função e Joe Cole pelo meio; Duff e Robben eram pontas e Drogba fechava o ataque. O Barça, idêntico: Marquez de volante, Xavi na segunda função e Deco na armação. Giuly e Ronaldinho eram pontas e Eto'o fechava o meio. No Grêmio, Jeovânio era o volante, Sandro o segundo e Marcelo fazia a armação; Marcell e Anderson caíam pelas pontas e Samuel era o centroavante. Nesse esquema, os pontas são, na origem, meias, que voltam para reforçar o meio-campo.

O esquema tático era o mesmo.

No Gre-Nal, em verdadeiro "nó-tático" em Abel Braga, colocou para jogar uma linha de quatro defensores, um volante (Jeovânio) e, a seguir, em linha, mais quatro meio-campistas (da direita para a esquerda: Alessandro, Lucas, Marcelo Costa e Ramon. No segundo jogo: Alessandro saiu e entrou Wellington). Na frente, um atacante. Que esquema é esse? 4-1-4-1. Esquema que o Arsenal usou para passar por Real Madrid e Juventus na última Copa dos Campeões. Meias em linha, à moda inglesa. Tanto que, para figurar como "meia direita", colocou Alessandro, um lateral, o mesmo ocorrendo com Wellington, pela esquerda. Resultado: ganhou o meio-campo e, com isso, o campeonato.

Mais tarde, Mano alterou o esquema: colocou Jeovânio e Lucas em uma linha, com possibilidade de avanço do segundo, e Léo Lima, Tcheco e Hugo à frente, com Rômulo no ataque. Esquema? 4-2-3-1. Esse esquema foi "febre" na Europa na temporada 2003/2004, tendo sido utilizado por Carlos Queiroz, no Real Madrid, e Ancelotti, no Milan, com a chegada de Kaká. Consiste em permitir o avanço de três meias (e não dois, como no 4-4-2), sem perder meio campo. A perda no ataque com jogador da posição é compensada com a chegada dos meias. Já naquela época, Felipão começou a utilizar o esquema na Seleção Portuguesa, com os volantes Costinha e Maniche e os meias Figo, Rui Costa [então na Seleção, depois Deco] e Cristiano Ronaldo.

Na Copa, o esquema do Grêmio foi utilizado pelas DUAS seleções finalistas! A Itália jogava somente com Toni no ataque, chegando Totti, Camoranesi, Perrotta ou Pirlo. A França, ainda mais claramente, tinha só Henry no comando de ataque, com Malouda, Ribery e Zidane como meias de chegada!

Portanto, o Grêmio, mais uma vez, mostra para o Brasil que é possível criar novas formas de jogar. Como em 2001, a compactação do time sobressai, com o ótimo técnico Mano Menezes se destacando em relação aos demais brasileiros, enfurnados na mesmice e sem aproveitar as novidades táticas do futebol europeu.