O auge do egocentrismo
Finalmente eu descobri que cheguei ao máximo do egocentrismo. Descobri quando, ao conversar com um bom amigo que tenho pouco contato, comecei a filosofar sobre a bosta da vida de solteiro e ele, imediatamente, me respondeu: eu sei o que tu pensa. Quer dizer, ele andou lendo isso aqui.
Que importa a vocês a minha vida? É muita imbecilidade da minha parte achar que é interessante para os outros lerem a minha rotina. Aliás, eu mesmo não gosto de ler textos que se aprofundem demais na pessoalidade, especialmente quando se trata de blogs, locais que começaram assim e hoje - finalmente - já ganham o contorno que eu sempre tentei dar ao meu: uma espécie de website movediço, sobre assuntos gerais, e não um tedioso diário.
Pior: por que EU tenho que falar da minha vida aqui? Pra quê me expor assim? Bom, isso só a terapia dirá, embora eu esteja um pouco sem vontade de voltar para a terapia.
Mais: realmente eu ando instável. É um saco isso. Como vcs sabem, adoro hipérboles. Então não se assustem. Ficção e realidade se entrecruzam, o importante é o choque do texto, que é mais terapia que pensamento. O restante é com vocês.
Leão
Há algumas semanas, escrevi por aqui que Leão, apesar de arrogante e truculento, é um bom treinador. Hoje, ele caiu.
Isso se deve, fundamentalmente, à transformação do círculo "virtuoso" em círculo "vicioso". Num momento, os jogadores acreditam no treinador e cumprem à risca suas ordens, o que faz com que a equipe renda mais, se o técnico não for nenhum abostardo. Entretanto, em momentos de crise, esse círculo tem conteúdo inverso: os jogadores deixam de acreditar, deixam de cumprir e o técnico reclama deles, pedindo reforços. Com isso, todas as tendências se invertem e o time cai.
Entretanto, uma coisa tem que ser consignada: a torcida do Palmeiras é a mais burra do Brasil, disparado. É a única que reclama SEMPRE de TODOS os treinadores que passam, inclusive Luiz Felipe Scolari. Em 2001, se não me engano, o Palmeiras era líder do campeonato com Celso Roth (péssimo) e a torcida vaiava todas as partidas. Resultado? O Palmeiras foi caindo, caindo até não se classificar. A torcida verde QUER o insucesso. É uma legião de burros.
Brasil pós-Richthofen
A imprensa redescobriu uma das suas vocações mais antigas: fazer inimigos públicos. Depois do caso Richtenhofen, onde foi decretada ridiculamente sua prisão preventiva [por ter mentido no Fantástico (!!!)], surgem aos montes casos bizarros nos jornais e na tevê.
O tempo passa, mas o homem não muda. Continua adorando seus bodes expiatórios.
Moralismo
A quantidade de besteiras escritas pela imprensa diante da crise política está começando a se transformar em uma biblioteca. Dizem que o STF tem que julgar rápido, que Márcio Thomaz Bastos deve ser responsabilizado, etc.
É impressionante como a boa intenção de certos articulistas em defender a ética na coisa pública não leva em consideração as circunstâncias políticas e jurídicas que envolvem os episódios. Um Ministro da Justiça não pode simplesmente denunciar o Colega da Fazenda sem ter certeza disso, sem antes ter feito uma investigação. É normal que ministros se encontrem, aconselhem, auxiliem. Como seria diferente? Uma semana é "lentidão" apenas nos padrões de tempo real da imprensa. Um articulista da Folha disse que, "se estivéssemos em um país civilizado", o Ministro da Fazenda já teria sido demitido --- e isso foi no dia da quebra do sigilo. Meu Deus! Essa exigência patética equivale a dizer que, se eu chegar na casa de um amigo e ele estiver violando uma conta bancária, eu teria obrigação de ligar para a polícia e dedurá-lo. Posso ter ido à casa dele para tomar uma cerveja, mas teria que o denunciar. Sabem o que é isso? Inquisição.
Um processo criminal não leva --- ainda bem --- quatro meses para ser julgado. Há razões para isso. Mas será que alguém quer ouvir?
Não estou só
Posso ser maluco, mas estou bem acompanhado.
Também o inteligente filósofo Renato Janine Ribeiro defende uma espécie de "concertación" entre PT e PSDB, isolando o "atraso" do outro lado, entre as alternativas que ele vê como solução para a crise política.
Responsabilidade Política
A responsabilidade política é uma categoria nebulosa, evidentemente pela própria natureza da situação a que ela se refere. Mas uma coisa é fato: nossa democracia é representativa, logo, o poder é do povo, o mandatário o exerce em nome do povo.
No momento em que as condições políticas não se manifestam mais, o mandatário deve cair. O poder é provisório, senão não estamos falando de democracia. Não existe "direito adquirido" de Parlamentar, tampouco "presunção de inocência". O que existem são fatores reais de poder que interferem, ou não, na sua legitimidade. Tomem Lula e Dirceu como exemplo. As provas contra os dois são as mesmas: nenhuma. Mas o segundo não teve condições políticas de prosseguir, a pressão dos fatores reais de poder foi forte demais. Já Lula sobreviveu e bem à crise. Isso não tem nada a ver com inocência ou culpa --- é uma questão puramente política.
Já a responsabilidade jurídica (civil, administrativa, criminal) é outra coisa.
Trilha sonora do post: Grandaddy, "So you'll aim towards the sky" (linda).
Finalmente eu descobri que cheguei ao máximo do egocentrismo. Descobri quando, ao conversar com um bom amigo que tenho pouco contato, comecei a filosofar sobre a bosta da vida de solteiro e ele, imediatamente, me respondeu: eu sei o que tu pensa. Quer dizer, ele andou lendo isso aqui.
Que importa a vocês a minha vida? É muita imbecilidade da minha parte achar que é interessante para os outros lerem a minha rotina. Aliás, eu mesmo não gosto de ler textos que se aprofundem demais na pessoalidade, especialmente quando se trata de blogs, locais que começaram assim e hoje - finalmente - já ganham o contorno que eu sempre tentei dar ao meu: uma espécie de website movediço, sobre assuntos gerais, e não um tedioso diário.
Pior: por que EU tenho que falar da minha vida aqui? Pra quê me expor assim? Bom, isso só a terapia dirá, embora eu esteja um pouco sem vontade de voltar para a terapia.
Mais: realmente eu ando instável. É um saco isso. Como vcs sabem, adoro hipérboles. Então não se assustem. Ficção e realidade se entrecruzam, o importante é o choque do texto, que é mais terapia que pensamento. O restante é com vocês.
Leão
Há algumas semanas, escrevi por aqui que Leão, apesar de arrogante e truculento, é um bom treinador. Hoje, ele caiu.
Isso se deve, fundamentalmente, à transformação do círculo "virtuoso" em círculo "vicioso". Num momento, os jogadores acreditam no treinador e cumprem à risca suas ordens, o que faz com que a equipe renda mais, se o técnico não for nenhum abostardo. Entretanto, em momentos de crise, esse círculo tem conteúdo inverso: os jogadores deixam de acreditar, deixam de cumprir e o técnico reclama deles, pedindo reforços. Com isso, todas as tendências se invertem e o time cai.
Entretanto, uma coisa tem que ser consignada: a torcida do Palmeiras é a mais burra do Brasil, disparado. É a única que reclama SEMPRE de TODOS os treinadores que passam, inclusive Luiz Felipe Scolari. Em 2001, se não me engano, o Palmeiras era líder do campeonato com Celso Roth (péssimo) e a torcida vaiava todas as partidas. Resultado? O Palmeiras foi caindo, caindo até não se classificar. A torcida verde QUER o insucesso. É uma legião de burros.
Brasil pós-Richthofen
A imprensa redescobriu uma das suas vocações mais antigas: fazer inimigos públicos. Depois do caso Richtenhofen, onde foi decretada ridiculamente sua prisão preventiva [por ter mentido no Fantástico (!!!)], surgem aos montes casos bizarros nos jornais e na tevê.
O tempo passa, mas o homem não muda. Continua adorando seus bodes expiatórios.
Moralismo
A quantidade de besteiras escritas pela imprensa diante da crise política está começando a se transformar em uma biblioteca. Dizem que o STF tem que julgar rápido, que Márcio Thomaz Bastos deve ser responsabilizado, etc.
É impressionante como a boa intenção de certos articulistas em defender a ética na coisa pública não leva em consideração as circunstâncias políticas e jurídicas que envolvem os episódios. Um Ministro da Justiça não pode simplesmente denunciar o Colega da Fazenda sem ter certeza disso, sem antes ter feito uma investigação. É normal que ministros se encontrem, aconselhem, auxiliem. Como seria diferente? Uma semana é "lentidão" apenas nos padrões de tempo real da imprensa. Um articulista da Folha disse que, "se estivéssemos em um país civilizado", o Ministro da Fazenda já teria sido demitido --- e isso foi no dia da quebra do sigilo. Meu Deus! Essa exigência patética equivale a dizer que, se eu chegar na casa de um amigo e ele estiver violando uma conta bancária, eu teria obrigação de ligar para a polícia e dedurá-lo. Posso ter ido à casa dele para tomar uma cerveja, mas teria que o denunciar. Sabem o que é isso? Inquisição.
Um processo criminal não leva --- ainda bem --- quatro meses para ser julgado. Há razões para isso. Mas será que alguém quer ouvir?
Não estou só
Posso ser maluco, mas estou bem acompanhado.
Também o inteligente filósofo Renato Janine Ribeiro defende uma espécie de "concertación" entre PT e PSDB, isolando o "atraso" do outro lado, entre as alternativas que ele vê como solução para a crise política.
Responsabilidade Política
A responsabilidade política é uma categoria nebulosa, evidentemente pela própria natureza da situação a que ela se refere. Mas uma coisa é fato: nossa democracia é representativa, logo, o poder é do povo, o mandatário o exerce em nome do povo.
No momento em que as condições políticas não se manifestam mais, o mandatário deve cair. O poder é provisório, senão não estamos falando de democracia. Não existe "direito adquirido" de Parlamentar, tampouco "presunção de inocência". O que existem são fatores reais de poder que interferem, ou não, na sua legitimidade. Tomem Lula e Dirceu como exemplo. As provas contra os dois são as mesmas: nenhuma. Mas o segundo não teve condições políticas de prosseguir, a pressão dos fatores reais de poder foi forte demais. Já Lula sobreviveu e bem à crise. Isso não tem nada a ver com inocência ou culpa --- é uma questão puramente política.
Já a responsabilidade jurídica (civil, administrativa, criminal) é outra coisa.
Trilha sonora do post: Grandaddy, "So you'll aim towards the sky" (linda).