Mox in the Sky with Diamonds

quinta-feira, dezembro 30, 2004

Prezados:
Um bom ano novo para vocês. Vou deixar uns comentários polêmicos para começar 2005 com o pé direito, ou seja, sendo criticado pelos DOIS lados da questão (muitas vezes por pessoas com crenças visivelmente antagônicas!), como eu GOSTIO.



Rock brasileiro é lixo - até prova em contrário
O brasileiro nunca fez um rock comparável ao britânico ou americano. Afirmo peremptoriamente: NENHUMA banda brasileira ata a botina de Beatles, Stones, Oasis, Nirvana, Led Zeppelin, Pink Floyd ou U2. DUVIDO que alguém diga o contrário. Eu até gosto de Legião, Titãs (até a saída do Arnaldo Antunes), Barão (SÓ a fase Cazuza), Los Hermanos, Mutantes, Cachorro Grande, Pata e alguns outros. Mas a maioria é LIXO. Falar de Engenheiros é chutar cachorro morto. Ira! é chato que dói. Nenhum dos Nós é fundo de poço. Lulu Santos, Ultraje a Rigor... E por aí vai. A questão é: brasileiro fazer rock é quase como britânico fazer samba. Não está na veia. Enquanto talentos como Tom Jobim, Elis Regina, Chico Buarque, Gilberto Gil, Jorge Ben e, hoje em dia, Marcelo D2, poderiam ter projeção mundial, o rock brasileiro tem cara de RASCUNHO.
Há uma nova geração vindo aí (Pata de Elefante, Alter Ego, Cachorro Grande, Leela, Violins, Autoramas, Cansei de ser sexy, etc.) e tem cousa legal (Hermanos, Pato Fu, etc.) - então não serei peremptório -, mas, até agora, a melhor geração do rock nacional (sem dúvida, a dos anos 80) não chega no nível da pior do UK. Se eu tenho o mesmo acesso aos dois...


O Natal
Estamos encurralados. Não só porque o Natal virou um festival de consumo compulsivo e doentio, mas porque a própria crítica nesses termos virou uma dobra assimilada pelo controle.


2004 - para mim
2004 foi um ano insosso na minha vida. Algumas coisas foram ótimas, como o fato de conhecer minha namorada, ter instalado cabo na minha casa (o que transformou a minha visão musical, abrindo perspectivas nunca imaginadas) e por ter conhecido o Velho Mundo de mochilão, pouca grana, informação rala e quase nada de idioma. Mas, a partir de maio, meu ano foi simplesmente tocar adiante. Arrastei. E tenho a impressão, pelas minhas retrospectivas, que em música, cinema e política andamos pouquinho. Começamos 2005 com a agulha no mesmo ponto que estávamos em 2003. Que venha algo como um Strokes (não outro, mas com o mesmo poderio reformador) em 2005. Bloc Party não foi um bom sinal.


Desisti
Desisti da retrospectiva política. Não porque não tenho argumentos, é que eu cansei. Ficam as seguintes considerações:
a) a população mostrou que aprova a política econômica e esta mostrou resultados positivos, ainda que o pessoal mais à esquerda (como eu, algumas vezes), tenha restrições ao Banco Central;
b) os programas sociais são consistentes e a imprensa procura desmerecê-los com argumentos contraditórios (às vezes acusa de ineficiência por dar menos, às vezes por dar mais), mas nenhum argumento consistente foi feito contra, a não ser a alegação genérica de "ineficiência";
c) existe uma esquerda xiita contra tudo (o "Universidade para Todos" é um exemplo). Para esses, só revolução socialista resolve;
d) a elite brasileira continua sendo imprestável, egoísta e sem visão de futuro;
e) Bush se reelegeu. Bin Laden conseguiu o que queria;
f) o Governo começou o programa de redução de danos e discussão do aborto. Dois passos revolucionários em problemas sociais de primeiro mundo;
g) Fogaça se elegeu em POA com os votos do anti-PT. O fascismo começou assim. Só que era contra o comunismo (tudo menos comunismo - tudo menos PT).


Aninho de merda. Foi tarde. Que venha um 2005 melhor para todos.



Trilha sonora do post: Super Furry Animals, 'The man don't give a fuck'.