Mox in the Sky with Diamonds

segunda-feira, agosto 02, 2004

Fahrenheit 9/11
- Tinha que ver o filme do gorducho logo, então fui na estréia mesmo. Fahrenheit é um panfleto. Um panfleto destinado ao povo americano com um fim único: evitar a reeleição de Bush. Para isso, detona por todos os lados, desde de circunstâncias para nós insignificantes, como a ficha militar do Presidente, até ligações com a família Bin Laden e corrupção eleitoral. Não teme em atacar.
- O filme tem inequívocos pontos fortes, dentre eles: o vídeo que mostra Bush paralisado depois do ataque; as duas visitas ao Congresso, uma para ler o "Decreto Patriótico" com um megafone, outra para alistar filhos de congressistas; os tapes que mostravam Bush "em férias" nos primeiros meses de mandato; enfim, tudo que revela o estilo de montagem inteligente do autor.
- Por outro lado, há algumas coisas decepcionantes: o filme pode instigar o racismo contra os sauditas, porque não difere nada e dá um conteúdo totalmente pejorativo a qualquer diálogo com árabes; o Iraque é retratado como paraíso antes da guerra; há vários momentos sensacionalistas e entediantes, que se arrastam mais que o necessário; a fraude eleitoral não foi muito bem explorada, entre outras coisas.
- Contextualizando: trata-se de um panfleto. Como tal, seu principal objetivo é convencer o eleitorado americano a votar contra Bush. Por isso, algumas coisas MUITO mais importantes para nós, como o desrespeito dos EUA à ONU com relação à guerra, não foi explorado. A própria ausência de armas químicas poderia ser mais batida. Mas o que quer Moore? Que não votem em Bush. Por isso, ele toca nos pontos que podem tocar mais o eleitor tradicionalmente de centro dos EUA: soldados mortos, contratos duvidosos, ausência de patriotismo, etc. Moore, por vezes, não hesita em ser contraditório para alcançar seus fins retóricos.
- Para o anti-Bush, é um libelo histórico. Um filme que irá para a história por seu alto e explícito teor político, por ter batido recordes de audiência e ganhado prêmios. O definitivo enterro do machartismo nos EUA (pelo menos por enquanto, vamos ver depois das eleições). Como filme, é bem inferior a Tiros em Columbine. Mas, como panfleto, é histórico.

21 Gramas
- Talvez por ter visto finalmente o DVD à disposição, depois do meu pai ter trazido da locadora, me desmotivei em ver Monster no cinema. Deixei pra depois.
- O filme é impressionante no seu grau de colagem: as coisas demoram tremendamente para se encaixar, e é incrível como o Diretor conseguiu salvar a película, não deixando que os espectadores terminem como quem não entendeu nada. Além disso, o conteúdo brutamonte do filme é uma paulada na cabeça, daquelas que dóem.
- Sean Penn está muitíssimo bem, mas, na minha opinião, Benicio Del Toro, para variar, rouba a cena. Seu aspecto sujo, sua indefinição nas próprias crenças, sua tragédia pessoal, a pressão recaindo sobre os seus ombros, tudo isso o torna o personagem mais denso - e, por isso, mais atrativo no filme. Naomi Watts também está bem.
- Embora não tenha tido tantos elogios quanto um "Sobre Meninos e Lobos", achei bem melhor.
- Me lembrou muito Amores Peros. Mas é melhor.

Quase Terminando
- Estou quase terminando a leva dos filmes que foram destaque do início do ano para cá: faltam apenas "Spider Man 02", "Lost in Translation" e " Monster". Nada como namorada, companhia para assistir filmes. Ah, "Mestre dos Mares" também tá faltando.

Cotidiano - não, não, talvez só angústias
- Objetivamente: o que faz uma pessoa, depois que entra em uma corporação, passar a se achar superior às demais?
- Como convencer as pessoas que nem sempre que o convém a elas é o certo?

O que anda na vitrola
- De coisa que descobri recentemente, ando ouvindo Unbelievable Truth, banda do irmão do Thom Yorke (mas nada demais), Gomez (banda inglesa com boas músicas), o novo do Prodigy, um pouco de Interpol (não, não gostei muito) e muito Muse. Baixei também, mas não deu muito tempo para escutar, Beta Band (sim, aquela do filme), The Coral (não acredito até agora que uma banda indie venceu a eleição da Folha) e Doves. E mais um monte de coisa que fica para o próximo post.
- Não concordo que a Joss Stone tenha a mesma voz que a Janis Joplin, como andam dizendo por aí. Achei uma boa cantora, mas a voz não tem o timbre estridente, meio agudo meio rouco, da Janis.
- Por outro lado, tive uma sincera decepção com uma ouvida atenta ao Blue Lines, disco idolatrado do Massive Attack. Eu, que sou fã de Mezzanine, disco espetacular, lendário, discoteca da mais básica, com arranjos esplêndidos, combinações instrumentais inusitadas e lançamento de efeitos sonoros dos mais múltiplos, sexys, ambíguos. Pois é - não gostei de Blue Lines. Algumas músicas beiram ao pop e ao hip hop meio chato, achei os arranjos um pouco previsíveis, não identifiquei uma multiplicidade de focos. O single do disco, "Unfinished Simpathy", lembrou um pouco Moby, que é bem inferior ao Massive. Mezzanine é infinitamente melhor.
- Fiquei chateado que ninguém comentou sobre o Keane. Ninguém baixou ou ninguém gostou? Pelo amor de Deus, uma musiquinha - Bedshaped. Se não gostarem, podem vir aqui e me xingar.

Falando nisso
- Fui no sábado num boteco muito louco - DNA. Toca um som indie e a galera é muitíssimo alternativa. Aquelas minas com cabelo esquisito, casacos de abrigo, enfim.... Um trago forte e, quando tocou Idioteque, primeiro, não acreditei, depois comecei a pular que nem um alucinado e gritar a música. Mas, depois de emendar com "Muscle Museum", não agüentei: fui falar com o DJ. "Muito animal, véio - Radiohead e Muse - MUITO ANIMAL". Meu cérebro não era capaz de produzir um elogio melhor que esse.

Tragédia
- Apenas deixando meus pêsames por mais 300 mortos pela ganância humana, aos irmãos paraguaios.

Falando em Paraguai
- Odiar os americanos individualmente, ou seja, não saber diferenciar o povo do governo dos EUA, mostra um pouco de indiferença com a nossa própria realidade. Reclamamos que os EUA nos ralaram financiando a nossa Ditadura. E temos razão. Mas o que não podemos ignorar é que é normal que um povo abstraia um pouco os males que causa externamente - esquecemos, misteriosamente, que, juntamente com a Argentina e o Uruguai, destruímos completamente, por nenhuma razão senão nossa ganância, o país mais próspero da América Latina, há dois séculos. E exigimos que os americanos assumam tudo. Compreender é uma coisa; concordar, outra.

Gremião
- O Grêmio evoluindo, apesar dos pesares. Já possui uma consistência defensiva e conta com boas atuações do surpreendente Pittbull. Espero que essa motivação continue e que, para o próximo turno, estejamos em posições superiores na tabela.
- Que episódio ridículo o Obino-Cocito: mais uma vez o Presidente só fala merda. Cocito na seleção.... Assim até estraga a atuação do cara, que vai ser ridicularizado.



Considerações finais (impertinentes)
- Alguém sabe algum site ou tem uma teoria própria sobre o final do "Planeta dos Macacos" do Tim Burton?
- Alguns comentaristas de peso desse blog estão o abandonando?


Post cheio de choradeira e perguntas.


Trilha sonora do post: The Coral, "Don't think you're the first".