Mox in the Sky with Diamonds

domingo, novembro 19, 2006

Prenúncio de um grande disco

Posso estar equivocado, mas se "Nude", tocada em Paris, em 28 de agosto de 2006, for cantiga do novo disco do Radiohead, tudo indica que estaremos diante de outra obra-prima, como é habitué nessa genial banda.
Aqui nesse link é possível baixar "Nude".

Saeglopur, do Sigur Rós


Como comentado por outra pessoa, ouvir Sigur Rós significa compartilhar uma experiência além da música, integral, abrangente. O lançamento do clipe de "Saeglopur", a melhor música de "Takk" (2005), na opinião desse blogueiro, merece uma reverberação no Somepills.
Apenas para os ouvidos licenciados.


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O Grande Truque
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Motivado por uma resenha 5 estrelas de Pablo Villaça, um crítico com quem costumo concordar, fui ver "O Grande Truque", com Hugh Jackman, Christian Bale e a linda [elogiar nunca é demais] Scarlett Johansson. Pode ser implicância porque descobri cedo demais o final do filme, mas me pareceu que, apesar de criativo, sagaz, bem montado e tenso, o filme é um pouco óbvio em certas partes, caindo o final como uma espécie de suspense desnecessário para fatos que estavam bastante evidentes. Com isso, de bom filme caiu para médio.
Com a licença, entretanto, de Sr. Thom Yorke no encerramento.
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Quanto vale ou é por quilo?
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Outra recomendação que não deu certo. O filme não se decide entre panfleto político, documentário ou ficção, e acaba passando uma terrível ambigüidade oportunista. Os argumentos parecem um tanto quanto caricatos, ridicularizando inclusive uma certa parcela de gente decente da população, gente que se preocupa com justiça e caridade. Um certo orgulho kantiano paira sobre o panfletarismo. O detalhe é que o discurso pode servir tanto para a extrema esquerda quanto para a extrema direita, na ridicularização de pessoas que muitas vezes estão mais próximas da santidade que da idiotice. O problema de ridicularizar a caridade da redução de danos é que, muitas vezes, esse discurso pode ser a carta branca para a hipocrisia e indiferença. Tratar quem busca auxiliar o Outro como um idiota é tão simplório quanto rebater argumentos com caricatura, ao modo que Shopenhauer ensinou, no seu famoso "Como vencer uma discussão sem ter razão", ou coisa do gênero.
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Um filme tão pobre quanto Farenheit 9/11, de Michael Moore, quando a ironia satírica e a construção ad hoc para o documentário tiram a credibilidade do autor, fazendo-o descambar para argumentos que, no afã de vencer a discussão, são os mesmos daqueles a quem procura combater.
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Dívida
A resenha, meus amigos, do show Los Hermanos/Mombojó aqui em Porto Alegre. No próximo post.
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Trilha sonora do post: Neil Young, "Living with war".




quinta-feira, novembro 16, 2006

Nos tempos de lançamento de álbum de Jarvis Cocker
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Uma coisa é certa: o Franz Ferdinand é o Pulp que deu certo.

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Curiosidade: no site do Pulp, além da eleição para melhor disco e música, há também a eleição para pior música. Apenas um sinal da instável carreira da banda.

Os Infiltrados
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Primeiro, uma advertência. Martin Scorcese é sabidamente grande diretor, e a cada filme bom seu a quantidade de elogios é imensa, de forma a fazer parecer o filme melhor do que é, pela repercussão multiplicada. "Os Infiltrados" não será o filme que dará o Oscar a Scorcese, e não é melhor que "Cassino", para citar um filme recente, que se seguiu por longas que apenas batem na linha média para aprovação [Vivendo no Limite, Gangues de Nova York, O Aviador].
Mas "Os Infiltrados", mesmo assim, é excelente. Ao trabalhar com o duplo inflitrado/criminoso, essa ambivalência que se joga na personalidade do agente do Estado e é psicologicamente inaceitável, Scorcese explora a inscrição dupla do bem/mal que está na evidência da conduta do Outro-que-se-torna-Mesmo, e brinca com a ausência de fixidez que esse jogo infinito produz. Matt Damon e Di Caprio estão constantemente assombrados por essa duplicidade de inscrição, que faz com que Damon, paradoxalmente, se torne um "rat" exemplar e criminoso, que quer ser exemplar, mas é engrenagem de uma armadilha que ele próprio ajudou a construir. Di Caprio, por outro lado, vê-se constantamente no duelo entre o ser da Lei, suas origens criminais e violência exuberante. Temos um jogo do policial/bandido que deseja ser policial e do bandido/policial que deseja ser bandido. Desejos e realidades em uma contraposição não binária, mas tripla. Uma inscrição da ambivalência que não se fecha.
A partir dessa estrutura narrativa fascinante, Scorcese tira o máximo dos atores [e eu não sou fã de nenhum dos dois, embora reconheça bons trabalhos de ambos], que demonstram extrema capacidade ao se multiplicarem em identidades divergentes, nesse jogo de vai-e-vem entre inflitrado e criminoso. Sem falar da atuação previsivelmente fantástica do mestre Jack Nicholson, um gênio da composição de um personagem nietzschiano que se constrói com base na sua própria força e vontade de poder, interpretando a vida como um desvairio dionisíaco em que não há limites para a própria ação. Se Nietzsche pode levar a isso, poderíamos discutir. Mas a construção do personagem pressupõe essa idéia de ética do forte, celebrada em boas gargalhadas com os trejeitos de Mr. Nicholson.
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Trilha sonora do post: TV on the Radio, "I was a lover".
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domingo, novembro 12, 2006

Surreal

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Do site UOL: Manifestantes da Fundação "Nós Somos o Povo" se reúnem fantasiados como personagem do filme "V de Vingança" durante protesto diante do Departamento de Justiça de Washington, EUA.


Os Reis da Distorção

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Nenhuma banda, por mais que se esforce, pode tirar o título de "Rei da Distorção" do Sonic Youth. As camadas de guitarras que se esparramam em efeitos distendidos e agressivos são marca registrada dessa importante banda que lança seus discos corrosivos desde a década de 80.
Ratter Ripped é mais um disco certeiro desse ano. Com uma sonoridade bem mais limpa e sintética que seu penúltimo álbum, Sonic Nurse, o Sonic Youth mandou um disco de músicas precisas, certeiras, que combinam a distorção típica do som da banda com uma certa dose de suavidade, ainda que não dê para chamar isso de "pop". "Reena" e "Incinerate" já vão avisando, desde o início, que o disco está povoado de uma certa limpeza em relação ao noise típico dos caras, ainda que mantenha a crueza tradicional.
Kim Gordon, a bad girl do rock, canta mais suavemente que o normal, por exemplo em "The Neutral". Mas as belíssimas e estridentes guitarras típicas do Sonic Youth também se apresentam, e da forma [costumeiramente] brilhante: "Jams run free" e "Turquoise Boy" [a melhor do álbum] lançam uma energia psicodélica/experimental absurdamente boa.
Um álbum de grande maturidade, que deve integrar as listas de melhores do ano com muita probabilidade.
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Fonte Inesgotável

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Trilha sonora do post: Sonic Youth, "Lights out".

sexta-feira, novembro 10, 2006

DISCOTECA SOMEPILLS:

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Explosions in the sky, "The Earth is not a cold dead place".

Será possível que uma banda faça um som puramente instrumental e, mesmo assim, consiga traduzir emoções? Ou será que o som instrumental e mais psicodélico representa, simplesmente, uma mera exibição de virtuosismo?

Talvez esse tenha sido o ponto crucial onde o punk conseguiu conquistar a hegemonia em relação ao rock progressivo. Quando as bandas da década de 70 começaram a se tornar festivais de exibicionismo, abdicando de certa simplicidade melódica, o punk entrou rasgando para destruir a proliferação de solos que iluminava o rock progressivo e o hard rock da época e restaurar a essência básica do rock.

O punk se cravou no peito do rock e hoje mainstream ou cenário indie se abastecem dele. O rock alternativo, especialmente, que foi se desenhando a partir do Jesus and Mary Chain e Pixies, ecoando até a lua com o Nirvana e hoje consolidado com ícones tão diferentes como Sonic Youth, Flaming Lips e White Stripes, bebe na fonte do punk.

O pós-rock tem seu começo "oficial" com o disco do Slint, "Spiderland". No entanto, todos são unânimes em dizer que esse disco foi esmagado pelo sucesso do Nirvana, ficando como espécie de prenúncio que ficou perdido no tempo. Foi a partir de bandas como Mogwai, Tortoise, Sigur Rós e o próprio Explosions que o gênero se consolidou como uma espécie de combinação entre os temas longos e elaborados do rock progressivo e a crueza do rock alternativo.

Recebendo ecos de todas as tendências que trabalham com guitarras em volume alto, como as paredes do shoegaze [My Bloody Valentine, Slowdive, Ride] e barulheira do indie rock americano [especialmente Sonic Youth, ouvir "Theresa Sound-World", do álbum "Dirty"] e combinando com temas mais complexos, o Explosions in the Sky é a mais clara evidência da fórmula rock alternativo + rock progressivo que desembocou no "pós-rock", um gênero que trabalha mais em termos de harmonia que de melodia. A principal característica do som pode ser o "não-fechamento" no esquema "estrofe-refrão-estrofe-refrão", mas uma ambiência aberta, onde se projetam diversas harmonias distintas.

"The Earth is not a cold dead place" é fantástico porque não tem chatice de um disco instrumental em que se termina como se começa. A ligação dos títulos com as músicas é absolutamente evidente, conquanto haja, tão-somente, guitarra, baixo e bateria. "First breath after coma", por exemplo, é a própria tranqüilidade do coma transformada, ao final, em um abrir de olhos para a luz opressora do mundo a que se volta, em uma "primeira respiração".

As sutis harmonias criadas em tonalidades de guitarras se alternam com explosões momentâneas de virulência. Há um certo parentesco com Sigur Rós e Mogwai: daquele, especialmente pelas explosões que não se limitam a pequenas distorções, mas parecem verdadeiras bombas atômicas; com este, pelas alternâncias. Mas a marca especial do Explosions é a simplicidade instrumental de um som baseado quase totalmente em guitarras que, contudo, ganha alta complexidade quando cotejado com os temas das músicas. "Only moment we were alone", "Six Days at the bottom of the ocean" e "Your hand in mine" são belíssimos convites a compartilhar emoções intensas em estruturas sonoras totalmente atípicas. A última poderia ser a evolução máxima do tema "I wanna hold your hand", dos Beatles, dentro do rock. Destaque para a belíssima estrutura de "Memorial", de uma sonoridade psicodélica, plástica e fantástica.

Não há um experimentalismo puro e simples: é, antes de tudo, um experimentalismo climático.

Um álbum absolutamente indispensável e, por isso, extremamente recomendado.

A democracia caminha com as próprias pernas

Os Estados Unidos têm mil defeitos. Entre eles, não está o de não ser democráticos. Intelectuais como Noam Chomsky ou artistas como Michael Moore tem um papel importante de auto-crítica hiperbólica, mas não devem ser tomados totalmente ao pé da letra.

Em 2001, os EUA sofreram um atentado que pode ser tido como "catástrofe". A catástrofre não deve ser medida quantitativamente [como faz Chomsky, ao comparar com fatos no Sudão ou outros lugares], mas a partir do referencial simbólico: o 11/09 representa uma ferida representacional nos americanos, algo que retirou as bases do pensamento e desordenou as crenças, numa nuvem de medo e desespero.

Foi essa nação assustada que apoiou as Guerras absurdas do Iraque e Afeganistão, em uma típica reação dos que têm medo. Nada diferente dos que defendem, por exemplo, a utilização simbólica e desproporcional do Direito Penal em relação ao PCC, aqui no Brasil.

A boa notícia é que a democracia caminha sozinha, e os EUA finalmente de encaminham para se livrar do presidente mais medíocre da sua história, conseguindo superar até estúpidos como Nixon, Reagan e o Bush pai, com erros crassos e mediocridade patente. A vitória democrata no Congresso representa isso, especialmente pela ascensão de Nancy Pelosi, uma mulher liberal que assume a Presidência da Câmara.

A ascensão de Nancy representa, finalmente, a vitória dos valores liberais, deixados de lado até pelo Partido Democrata, que sucumbiu ao conservadorismo social ao colocar o chuchu Kerry nas eleições passadas. Uma figura aliada aos movimentos feministas, ecológicos, de direitos civis, enfim, todo esse conglomerado de surgiu de baixo para cima nos EUA e representa o que realmente pode ser tido como "esquerda" por lá. A Folha aponta que a questão dos valores morais influenciou apenas 50% dos eleitores, o que representa significativo avanço na política dos EUA, em contraposição ao neoconservadorismo que cai tão bem [ou mal] em um país de raízes puritanas.

A democracia precisa de tempo, mas funciona.

terça-feira, novembro 07, 2006

Pára aí

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É sério mesmo que Scarlett Johansson resolveu acrescentar às suas atividades de atriz e DEUSA SUBLIME da beleza feminina (falada por este blog muito, muito antes do "hype" atual) e resolveu CANTAR?
E o pior é que não é mentira. E o pior é que ela não é uma aberração. Até canta bem. Somepills dá a barbada para baixar a primeira faixa lançada por ela, um cover de "Summertime", de Tom Waits. Basta clicar aqui.
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Orkut
Sabem que, depois de se mostrar a grande prova do provincianismo Porto-Alegrense, que se limita a ficar fuçando na vida alheia e fazer fofocas, o Yogurt até que tem uma função? Com o surgimento desses servidores que hospedam arquivos como o Rapidshare, tem UM MONTE de coisa boa pra baixar, fácil fácil.
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Do NoMínimo, por Tutty Vasquez:
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Biografia
O tucano Eduardo Azeredo tem bons motivos para querer acabar com a Internet. Não quer ser lembrado como o senador que inventou o Marcos Valério.
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Depois reclamam que os petistas são chorões. São mesmo! Como não seriam, se a cobertura da imprensa já estaria chamando o Governo de nazista, orwelliano, comunista, caso esse aberrante projeto de controle da Internet fosse proposto? Com o PSDB é tudo muito, muito diferente. E lá vem a patrola anti-petista.
Por sinal, isso é uma discussão que queria entrar faz tempo, especialmente em razão de seguidas notícias de descumprimento, por parte do Google, de revelar as identidades de internautas, apesar das ordens judiciais.
Minha opinião pode parecer louca, mas é essa: pela primeira vez, temos um espaço realmente livre de circulação de informação, formado de baixo para cima. Aquilo que Antonio Negri chama de "multidão", como uma força corrente à globalização que se forma a partir de baixo, pode circular nesse espaço. Portanto, sou favorável ao Google: as identidades não devem ser reveladas. Mesmo que haja casos de pedofilia e racismo, que podem ser vistos caso-a-caso e investigados de outras formas, a Internet tem que permanecer como espaço livre, um espaço de fuga contra todos os totalitarismos. A China que o diga. Não vai segurar.
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Trilha sonora do post: Cat Power, "Where is my love?".

sábado, novembro 04, 2006

Quer dançar?

Vamos fazer uma brincadeirinha de tracklist para dançar.

1. Pixies, "Wave of mutilation".

On a wave of mutilation, wave of mutilation... waaaave.... waaave.... Um embalinho do melhor da década de 80, do seminal "Doolittle", discaço clássico dos Pixies.

2. Mclusky, "Whoyouknow".

Os filhotes dos Pixies, claro. Para manter o embalo! Banda do País de Gales, que faz umas pauladas na cabeça, pra ficar saltitando e cantando: "Your heart's gone the colour of coca-cola".

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3. Nirvana, "Smells like a teen spirit".

Todo mundo conhece, todo mundo gosta, todo mundo pula, mas toca pouco. Esquece os bundões do New Order e entre na pulsão da banda mais destrutiva da história do rock. Uma energia inconcebível, de quebrar tudo mesmo.

4. Sonic Youth, "100%".

A mais pedida dos circuitos indies não pode faltar. Nesse embalo de indie rock anos 90 americano, "100%", com suas distorções e embalo fantástico, fica bem por aqui.

5. Black Rebel Motorcycle Club, "Love Burns".


A gente corta aquele inicinho silencioso, senão a pista dorme, e já entra direto na pauleira hipnótica shoegaze do BRMC, "now she's gone, love burns inside me". Pra ficar só balançando o corpo, mexendo a cabeça, como se fosse um mantra.
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Que carinha de Jesus and Mary Chain, hein?

6. Yeah Yeah Yeahs, "Black Tongue".
Uma das músicas mais bagaceiras do rock? Maravilha. Karen O, que nem é muito gostosa, canta que nem uma cadela no cio, e não tem outra palavra para definir essa música a não ser: tesão. Grande som do primeiro disco art-punk dos YYY.

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Hum, Paris Hilton?

7. Arctic Monkeys, "When the sun goes down".

Tá bom, já que entramos no "novo rock", a gente dá uma chance para os queridinhos da imprensa britânica. Essa música é boa mesmo.

8. The Strokes, "Juicebox".

Uma guitarra surfística, acompanhada de um baixo pulsante, em um mix fenomenal que desemboca em berros alucinados de Julian Casablancas. Para tirar os pés do chão.

9. Franz Ferdinand, "Outsiders".

Na modesta opinião deste rapaz, a melhor música do Franz, dos dois discos. Só isso já é credencial suficiente, fazer parte do repertório dessa banda "só no sapatinho".

10. The Killers, "When you were young".

Mas tá bom essa porreba de disco do Killers, hein? Puta que pariu, com toda breguice e farofa de Brendam Flowers, que inclusive deixou crescer um bigode ridículo, essa música é pra tirar o cara do sério. Um riff monstruoso, um refrão banal, e no entanto tudo POWER pop de extrema qualidade.

11. Interpol, "Say hello to the angels".

Não é delícia poder colocar uma música do disco obscuro do Interpol na noite? E, no entanto, essa música tem um embalo massa, no jogo de guitarras que acompanha todo primeiro discaço (indispensável) do Interpol.

12. TV on the Radio, "Wolf like me".

Ok, eu não entendi o que todo mundo [todo mundo mesmo] viu nesse disco do TV on the Radio. Mas "Wolf like me" é muito boa, e tem tudo para ser tocada e dançada, no seu ritmo frenético -- agressivo e psicodélico.



13. The Rapture, "Whoo! Alright-Yeah... Uh huh".

Tem título mais cagando pro lance que esse? Apenas revela o que pretendeu o The Rapture nesse segundo disco: pista. Se "Echoes", o melhor disco para dançar da década, tinha certas pretensões melódicas mais ousadas, tentativas de climas mais elaborados ou psicodélicos, aqui é o puro e simples embalo funk do Rapture que domina. No mesmo estilo do hino "House of jealous lovers", "W.A.Y.U.H." tem tudo para servir de pilhadeira na balada.

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14. Ladytron, "Sugar" (Jagz Krooner mix).

Entramos no "new rave"? Ladytron, banda inglesa "adotada" pelo novo movimento, manda bem um electroclash nessa cantiga, de balançar o esqueleto e se deleitar na sensualidade das meninas.

15. Le Tigre, "Deceptacon" (DFA remix).

Uma batidinha electro e um vocal agudíssimo, bobalhão? Tanta despretensão quanto necessário para ser uma simples canção para dançar.

16. Robots in disguise, "The Djs got a gun".

Idem.

17. Hot ship, "Boys from school".

Novos queridinhos da mídia britânica, ao lado dos Klaxons, no chamado "new rave", o diagnóstico que li em certo lugar sobre a banda é exato: vai quebrar tuas pernas. Aqui temos mais uma fusão do rock com electro, bem massa.

18. The Presets, "Down Down Down".

Banda pouco conhecida, mas bala. Já começa com uma batida punk, entrando um sintetizador furioso. Faz o seguinte, escuta aí:


19. The Klaxons, "Atlantis to interzone".

Arctic Monkeys? Não. O novo hype britânico [e das filiais brasileiras] é o The Klaxons. Com clara influência do The Rapture, encabeça o tal "new rave", mas, hype à parte, é bem bom mesmo. Uma explosão que começa com uma sirene de ambulância faz com que QUALQUER UM se pilhe para mexer o esqueleto.

quinta-feira, novembro 02, 2006

O sempre irônico e sagaz Tutty Vasques, do NoMínimo, larga essa:

"A vida como ela é
Felizes aqueles que planejaram passar o feriadão em congestionamentos nas estradas. A situação nos aeroportos é muito pior."

O que se passa com essa sociedade (pós-)moderna que tem esse desespero pelo desligamento, pela migração, o fluxo incessante do turista e do marginal, dos africanos para a Europa, dos Nordestinos para São Paulo, e o refluxo inverso: o paulista que visita a Bahia, o alemão que visita o Brasil?

A subjetividade que estamos construindo para nós mesmos é um eterno deslocar, uma migração contínua, um constante estrangeirismo, até mesmo para os que têm poder.

Mas por que tanto desespero?

E, se de repente, simplesmente parássemos com essa velocidade frenética, esse tempo acelerado, esse fundamentalismo produtivista?

O deslocar migratório ? na forma do turista ou do marginal ? é um constante desespero do tempo, do tempo perdido que quer, no outro lugar, se encontrar. Absorvido na produção, o turista quer desacelerar. Absorvido na própria miséria, o marginal quer entrar no tempo do poder. Nesse entre-tempo construímos o resíduo de uma comunidade (mundial) esfacelada no desespero, no medo, no terror e na corrupção.

Nossos aeroportos cheios, as estradas cheias, os acidentes no deslocamento, produtos de um fluxo demasiado acelerado, mas sobretudo do desespero para sair do próprio tempo.

E se, simplesmente, deixássemos de lado tanta velocidade?


Trilha sonora do post: Explosions in the sky, "The only moment we were alone".