Mox in the Sky with Diamonds

quinta-feira, março 10, 2005

Ô...
Fala gurizada. Vam'embora.


Eu - isso existe?
Esse blog anda meio filosófico (por isso o espaço de comentários parece piroca de velho: só murcha). Continuemos. Andei pensando sobre isso. Existirá mesmo um eu? Eu, há, dez anos atrás, era completamente diferente. Há cinco, também. Dois, também. Etc. Sou sempre o mesmo eu que está presente? Ou eu me desmontei em pedaços até chegar a um ponto em que a soma das partes é totalmente heterogênea daquela de dez anos atrás? Permaneço o mesmo, na essência? Existe isso?

Na prática, sei que mudei pra burro. Era um piá de merda, inseguro, bosta, nerd (no mau sentido) e parcialmente chato. Na aborrecência, a gente inventa tanto problema que nem tem tempo de viver. É paixão mal-sucedida, síndrome de pequenez, ódio à própria imagem, etc. Hoje em dia, só penso no que perdi e como consegui ser o que que queria. Bastava querer de verdade. E acreditar.

Não, essa bosta não é auto-ajuda. Finge que não leu.

Barbadas
Faz um tempinho que esse negócio não fala de música, né? Depois de revelar meus vícios das semanas passadas (The Coral, The Thrills, The Rapture, enfim), tenho que dizer que ando pirado no som do Thirteen Senses (a banda que eu mais subestimei nos últimos tempos), estilinho Keane, LCD Soundsystem (essa piração electro-punk é demais), Interpol (sim, eu sucumbi definitivamente), Manic Street Preachers e Queens of the Stone Age (ô faísca atrasada!).
Balesca.
Aliás:

- Coldplay = Keane = Thirteen Senses = Travis = Starsailor = Doves = Elbow;
- Libertines = Razorlight = Bloc Party = Kaiser Chiefs = Futureheads = Strokes.

E se repete.

E, depois do fim do Smashing Pumpkins, o Queens of the Stone Age se tornou a maior banda de hardcore do mundo.

E assim o mundo anda.

DVD (aquisições)

- Smashing Pumpkins
Coletânea dos fantásticos clipes da banda, mostra o reinado egocêntrico de Billy Corgan no som. Com vídeos memoráveis, especialmente 'Tonight Tonight', 'Today', 'Disarm', '1979', 'Perfect'.
- The Verve
Um absurdo. A psicodelia do Verve e seu som grandioso são simplesmente indescritíveis. Ashcroft é um dos maiores músicos de todos os tempos, ainda que seu estilo atípico às vezes o distancie do pop e lhe coloque num canto alternativo ao lado de bandas "noise" tipo Jesus and Mary Chain e My Bloody Valentine (êpa, num disse que o som é igual, pôrra, nada a ver).
- The White Stripes
Comprei o showzão dos caras, mas ainda não vi direito. Só vi que é uma pauleira do inferno.


A seqüela tá foda, entonces c'mon fuck the world.


Trilha sonora do post: Coldplay, 'Talk' (sim, é ISSO mesmo que tu tá pensando).

sexta-feira, março 04, 2005

A verdade sobre as drogas

Tive a idéia desse post depois de conversar com um amigo que mora perto da fronteira do litoral gaúcho com o de Santa Catarina. Contava-me que um gurizão qualquer foi pego com um pedra de maconha e foi preso, passou três meses na cadeia e, tudo indica, será condenado por tráfico.
O tratamento das drogas no Brasil, hoje, é de histeria. Se sustenta em lendas do tipo: traficantes distribuem balinhas de coca na frente dos colégios para criancinhas, as drogas deixam as pessoas muito loucas e estas cometem assaltos sob sua influência, todo mundo que se droga vira viciado, etc.
Não quero posar de apologista das drogas, mas mentiras são mentiras, não importa para qual fim se diga. Aliás, hoje é eticamente aceitável que cientistas, médicos e jornalistas digam mentiras sobre drogas, a pretexto de espantar o consumo. Para quem gosta de ser LIVRE e decidir com base nas SUAS CONVICÇÕES, e não de um empilhado de ladainhas moralizantes, é importante saber a verdade.
Primeiro, alguém aí já ouviu falar de UM caso de criança viciada, por ter recebido cocaína na saída do colégio? Por que precisariam disso, se tem pessoas procurando drogas a todo momento?
Segundo, 90% das pessoas que usam drogas não são viciadas. Duvido que, comparando estatística com o álcool, o índice seja maior. Usuários de maconha e drogas sintéticas geralmente não se tornam viciados. Alguns se tornam? Sim, mas em álcool e cigarro alguns também se tornam.
O mesmo serve para os casos de violência. A incidência de violência em razão do uso de bebidas é infinitamente maior que com o uso de drogas.
Não quero dizer que liberando as drogas o número de viciados não aumentaria, que o número de acidentes e crimes com efeito de drogas também não aumentaria (especialmente com cocaína, que deixa a pessoa agressiva), mas sim que a questão não pode ser satanizada. Do tipo, as drogas são o mal. As drogas são um mal, desse ponto de vista, como o álcool, o cigarro. Ou, de outro ponto de vista, como o carro (sim, proibindo a circulação de veículos também se reduziriam mortes). O mal para alguns, para outros não. A quem cabe decidir? A cada um, individualmente.
Sob o pretexto de combater o vício criou-se uma histeria social - transformando a criminalização das drogas em verdadeira luta contra o mal - quando a questão, na verdade, é de saúde pública, tanto quanto a AIDS e o câncer de mama. A histeria social tem condenado os traficantes a penas altíssimas (não que eles sejam cidadãos exemplares, mas geralmente o problema maior não é o tráfico, mas o crime organizado, o cerceamento da liberdade, os assassinatos, etc.) e, pior, tem condenado pessoas que simplesmente se utilizam das drogas como traficantes. Pior ainda: condena-se usuários por serem usuários. Lembram dos hereges na fogueira?
O usuário, se não é viciado, escolhe utilizar e, geralmente, não causa nenhum mal social. Que sociedade é essa que diz na Constituição que o ser humano é autônomo nas suas decisões e não lhe permite fazer o que quer com seu próprio corpo?
A descriminalização de drogas leves para o tráfico e total para o usuário, como ocorreu na Holanda e em Portugal, e a Inglaterra cada vez mais suaviza, é urgente, ou nossos sucessores vão nos ver como Santa Inquisição contra as drogas.


PS: Fico feliz que o Governo Lula começou a amenizar essa política tola, ineficaz e irracional, já que começou um programa federal de redução de danos.



Trilha sonora do post: Jeff Buckley, 'You & I'.